Em seu excelente livro Os Humanos Subestimados, Geoff Colvin faz uma avaliação profunda dos impactos da Tecnologia da Informação no mercado de trabalho e mostra que ao contrário do que muitos pensam, o topo da pirâmide também será drasticamente afetado pelas novas tecnologias.
Ele fala de três pontos de inflexão provocados pela tecnologia, o primeiro tendo sido a época da Revolução Industrial quando a ascensão dos teares automatizados desvalorizou as habilidades do artesão. O autor menciona que estamos entrando no quarto ponto de inflexão que vai desalojar trabalhadores no topo e na base da pirâmide, ao contrário da transição anterior que substituiu uma grande quantidade de empregos de qualificação média. Por trás disso está a Tecnologia da Informação que dobra o seu poder de processamento a cada dois anos e está superando muitas de nossas habilidades físicas, emocionais e cognitivas.
Colvin alerta que não é muito útil procurarmos imaginar o que os computadores não conseguirão fazer porque Independente do que virá nos próximos anos uma coisa é certa: o maior poder computacional vai continuar desalojando trabalhadores em todas as camadas.
A pergunta a ser feita é: “quais serão as habilidades profissionais de alto valor para a economia do futuro?” E esclarece que “… agora, cada vez mais, você precisa ser bom atuando como uma pessoa. O ótimo desempenho requer que sejamos intensamente humanos”.
Apesar de mostrar um cenário preocupante, ele avança para uma mensagem mais otimista ao afirmar que se quisermos preservar nossa empregabilidade precisamos desenvolver nossa Inteligência Emocional (IE). Esse será o recurso mais requisitado no futuro para os trabalhadores de forma geral, em qualquer posição na pirâmide, e mais ainda para os profissionais que ocupam cargos de liderança.
Profissionais com elevada IE terão uma demanda cada vez maior no mercado de trabalho.
Dentre as competências emocionais, menciona a empatia como uma base para todas as outras, destacando que “… discernir o que a outra pessoa está pensando e sentindo e responder de maneira apropriada” está se tornando cada vez mais valioso à medida que a tecnologia avança.
Uma pesquisa em anúncios oferecendo vagas em posições com ganhos acima de US$ 100.000 por ano solicitando “… candidatos com empatia e características intimamente relacionadas encontrou mais de mil ofertas e não eram apenas instituições filantrópicas; na verdade, os anúncios eram de empresas como McKinsey, Barclays Capital, Abbott Laboratories, Rytheon, Mars, Pfizer e outros grandes empregadores tradicionais”.
O autor salienta que mesmo os empregadores da área de TI estão buscando profissionais com mais empatia. O diretor de tecnologia de um grande varejista do Reino Unido diz que sua maior necessidade em termos de recursos humanos é de “… pessoas que tenham empatia e que sejam colaborativas. Isso porque a tecnologia sendo desenvolvida por eles é cada vez mais para os consumidores, não para uso interno, e uma equipe tem que construí-la trabalhando em grupo, de modo que seus designers de produtos de TI precisam perceber os pensamentos e sentimentos dos consumidores e entre si. Não posso ter um excelente arquiteto de TI que fique trancado em uma sala”.
E continua… “Charles Phillis, CEO da INFOR, empresa de software que produz Sistemas de Gestão Empresarial, contou-me que empatia – entender o que o cliente está sentindo – é a habilidade fundamental para nós e que irá nos diferenciar entre os concorrentes”.
É interessante constatar que os concorrentes diretos da INFOR, tanto a SAP quanto a ORACLE, também estão falando a mesma linguagem. Bill McDermott, CEO da SAP, publicou um livro que tem um capítulo inteiro denominado “Empatia”. E Meg Bear, uma alta executiva da Oracle afirma: “A empatia é a habilidade fundamental do século XXI”. Bear considera a empatia uma habilidade “que eu preciso desenvolver em mim mesma, em minhas equipes e em meus filhos” e conclui que “a empatia será a diferença entre o bom e o ótimo”.
Disso tudo, fica fácil concluir que independentemente da posição na pirâmide onde você se encontra, participar de programas que o ajudem a desenvolver sua Inteligência Emocional será a única forma de garantir sua permanência no mercado de trabalho no futuro.
Comentários